Equacionar recursos para a saúde será sempre um problema, na medida em que nascer, viver e envelhecer têm sido amparados por tecnologias cada vez mais sofisticadas. Os recursos financeiros estão no centro de um debate que tem deixado fora da pauta intervenções de impacto mais rápido e mais vigoroso em seus efeitos.
A primeira delas diz respeito à porta de entrada para cuidados em saúde que a maior parte dos pacientes escolheu: o hospital. Justamente o local em que são disponibilizados os mais avançados recursos para o atendimento médico. Levando-se em consideração que a principal queixa para que alguém busque auxílio é um resfriado, fica fácil concluir o impacto das doenças de baixa complexidade na utilização de serviços de alta complexidade. Temos, obrigatoriamente, que envolver o paciente nessa questão e dar a ele acesso a serviços com o grau de complexidade que ele necessita, para que possa fazer melhores opções ou lançar mão da telemedicina de forma mais definitiva e criativa.
O segundo ponto a ser enfrentado é o combate ao desperdício, fruto da falta de transparência nos processos, gerada pelo baixo investimento em digitalização. Todos se beneficiariam de sistemas informatizados. Em uma era na qual os aplicativos para celular resolvem grande parte das demandas e transações de nosso dia a dia, não há como entender que prontuários eletrônicos não sejam instrumentos obrigatórios e que sistemas digitais em saúde não estejam sendo incorporados em ritmo mais acelerado.
Certamente, tem-se aqui um vasto campo de oportunidades pela possibilidade de se descobrirem padrões e relações em grande volume de dados que não são acessíveis se nos mantivermos na era do prontuário em papel ou em sistemas fechados. A informação digital é o insumo de uma capacidade analítica muito mais eficiente e muito mais inteligente, já aplicada em vários setores, mas que na Saúde ainda não prosperou.
Já convivemos com algoritmos capazes de aprimorar o próprio modelo de análise, conceito subjacente à Inteligência Artificial. Imagine o quanto essa habilidade poderia ampliar nossa capacidade preditiva de melhor utilização de recursos em saúde, individual e coletiva, com previsibilidade. As chamadas machine learnings já nos permitem saber antecipadamente, a partir de padrões previamente conhecidos – como a genética, hábitos de vida e outros -, a probabilidade de desenvolvermos doenças específicas e em que momento. Em um futuro pouco distante, a saúde se beneficiará em larga escala de máquinas que poderão subsidiar decisões com mínima intervenção humana e, mais ainda, com maior precisão.
Não ouso entrar nos debates a respeito de um possível “mercado” para produção de seres humanos, como prevê o professor Yuval Harari, pelo imprescindível amadurecimento ético. Mas, assim como as terras tiveram papel central na riqueza das sociedades há alguns séculos, sendo substituídas pela propriedade industrial, os bens imateriais, como o dado e a informação, serão a nova riqueza. Acredito que na era digital estão as maiores oportunidades, tanto para melhorar a saúde dos cidadãos como para viabilizar a inclusão social no acesso a uma medicina de qualidade, inteligente e mais justa.
Por Claudio Lottenberg
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